terça-feira, 6 de maio de 2008

Reportagem: Manifestação Pró - Tibete

Hong Kong celebra tocha, mas tem protestos
Oito ativistas pró-Tibete e um chinês que os enfrentou foram presos; atriz Mia Farrow criticou Pequim
-JAMES POMFRET - REUTERS-
A tocha olímpica passou na sexta-feira por Hong Kong, num festivo regresso à China após uma turbulenta turnê mundial. Mesmo assim, houve confrontos entre a multidão nacionalista e alguns manifestantes, e oito ativistas chegaram a ser detidos.
A segurança em torno da tocha foi rígida, às vezes com até 16 guardas chineses com agasalhos esportivos e policiais em motos escoltando os atletas que a carregavam. Com as ruas fechadas, a multidão foi mantida afastada e se acotovelava para conseguir ver o evento. A chama simbólica foi levada a pé, a remo, a cavalo e também num iate, através da famosa baía local. Os manifestantes ficaram isolados em cercados, o que não impediu eventuais confusões. Eles exigiam que o regime chinês honrasse a promessa de melhorar os direitos humanos, feitas quando Pequim recebeu o direito de organizar a Olimpíada de 2008. No começo do dia, simpatizantes do evento cercaram e xingaram um pequeno grupo de manifestantes que agitava uma bandeira do Tibete e reivindicava liberdade religiosa. A polícia tentou impedir que eles hasteassem a bandeira e levou oito ativistas para um camburão, junto com um chinês que tentara arrancar a bandeira deles. As autoridades disseram que o grupo foi detido para sua própria segurança, e liberado em seguida. "Foi um truque muito sujo, porque acho que foi uma decisão política nos retirar dez minutos antes de a tocha chegar aqui", disse a manifestante Christina Chan à Reuters. Em outro incidente, um idoso solitário, que segurava um cartaz incentivando o diálogo da China com o dalai lama, líder espiritual tibetano no exílio, foi cercado por transeuntes que rasgaram suas roupas e o chamaram de traidor. "Eu só estava expressando minha opinião. Que direito eles têm de me tratar assim? Eles são incivilizados", queixou-se posteriormente o taxista Ng Pun-tuk, de 72 anos. Hong Kong, ex-colônia britânica, pertence à China, mas goza de autonomia política e econômica em relação ao regime comunista. O governo local foi criticado por ter adotado medidas excepcionais, como impedir a entrada de três militantes pró-Tibete e de um artista dinamarquês engajado, entre outros. A multidão nacionalista também tentou impedir o avanço da passeata de um grupo que realiza manifestações anuais para lembrar a repressão aos protestos de 1989 na praça da Paz Celestial. Em outros pontos do território, universitários agitavam bandeiras chinesas diante de cartazes de manifestantes e cantavam o hino nacional para abafar os gritos por democracia. "Estamos aqui pacificamente expressando nossos ideais, que amamos a China e a pátria", disse o estudante Yu Xiang. Agora, a expectativa é de menos protestos no percurso da tocha pela China, exceto talvez na etapa tibetana, em meados de junho. A tocha será usada para acender a chama olímpica na cerimônia de abertura dos Jogos, em 8 de agosto. A próxima etapa do percurso será Macau, ex-colônia portuguesa, hoje também um território autônomo, que recebe muitos visitantes por causa de seus cassinos. Um "clone" da tocha espera o tempo melhorar para ser levada até o topo do monte Everest, na fronteira entre Tibete e Nepal.
SIMBOLOGIA: A atriz norte-americana Mia Farrow aproveitou o evento para criticar mais uma vez a repressão chinesa no Sudão, pedindo que o país pare com as mortes na região. "Pequim tem uma postura singular para persuadir as pessoas e deveria parar com o regime de assalto à população de Darfur", discursou. Ela posou para os fotógrafos com uma tocha simbólica feita de bambu, material comum na região.

FONTE: http://www.estadao.com.br/esportes/not_esp166339,0.htm

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